Fábulas de Esopo: O cavalo paraguaio e o cervo montanhês

Zagueiro do São Paulo tenta impedir Martin Garcia
de agredir a bola.

O meia Souza, conhecido por jamais perder uma aposta, deu seu pitaco antes da partida: "O Vasco é a solução para nossos problemas". Estava certo. Mesmo com um São Paulo desfalcado de meio mundo, o time de Celso Roth conseguiu a façanha de ser derrotado por 2x0 pela equipe bambi, com direito a dois gols de Borges, atuação ativa de Souza e passiva de Richarlyson (na verdade, o Souza só entrou no final... isso foi só para não perder a piada). Para piorar, o ex-líder do campeonato ainda foi ultrapassado na única coisa em que era melhor do que os outros: faltas cometidas. Ou seja: como se não bastasse a bola, dessa vez nem a canela do adversário o time viu... Não que o São Paulo tenha jogado muito bem (não jogou), o problema todo foi que o time do Vasco mostrou um futebol exatamente de acordo com a qualidade de seus jogadores. E isso é grave.

Na lateral, para começar, Ilsinho deu um baile em Guilherme. Fez simplesmente tudo que o garoto tentou fazer com ele e não conseguiu. Pedalou, botou a bola entre as pernas, desarmou ataques do Vasco e armou outros tantos para o São Paulo. Guilherme reagiu à derrota dizendo que foi normal, que perder é normal. Oh sim, é claro. [Nessa hora eu quis socar minha televisão, mas então eu lembrei que ela custou caro e eu não ganho o salário do Guilherme]

[aliás, eu usei "lateral" no singular porque o Vasco só tem uma mesmo. A direita não conta]

Sobre a defesa, melhor ficar quieto. Toda bola na área era sinônimo de desespero. Vinha lá do horizonte Richarlyson, saltitante tal qual uma gazela nas pradarias da Galiléia, e cabeceava. E cabeceava de novo. E sorte do Vasco que ele ainda sente os efeitos da parada gay. E sorte também que o ataque do São Paulo é uma tristeza. Borges foi oportunista nos gols e só... o mérito vai todo para o Amaral.

Falando nele, os volantes, como de costume, não sabiam exatamente qual a função e a posição de um volante. Amaral, perdido no mundo da fantasia onde ele bate faltas como o Juninho e lança bolas como o Ronaldinho Gaúcho, se limitou a passear pelo belo gramado do Morumbi. Ainda teve a cara de pau de culpar o Guilherme pelo segundo gol e reclamar de sua expulsão (abro um parênteses para exaltar o árbitro, provavelmente vascaíno, que deixou de marcar um pênalti desse imbecil e ainda o colocou para fora quando ele estava prestes a mandar outra vaca pro brejo). Roberto Lopes julgou suficiente acompanhar os adversários apenas com os olhos, visivelmente sentido com a ausência das redes e belos coqueiros da Bahia. A velocidade desse cidadão faria uma tartaruga pedir pressa.

No meio campo, Abedi foi pouco notado. Errou passes como todos os outros e só. Depois da grata expulsão de Amaral, deu lugar a Junior, que foi bem, mas (por ser o Junior) não mudou muita coisa. Para melhorar, seu companheiro de meio campo e camisa 10 era Marcelinho. Sério mesmo, não é piada: o Celso Roth escalou um cara que viveu o auge da carreira no Confiança-SE para liderar o time contra a melhor defesa do campeonato!! E é nessas horas que eu penso no Conca...

[pausa para tentar compreender como se sente o argentino Conca enquanto assiste Vasco x São Paulo no banco de reservas]

Oh Dios, yo soy timido, no tengo amigos, no hay amor para Conquito... Oh, mas que cosa, Amaral recibió el cartón!!! Es llegada mi hora! Gordito, estoy aquí, estoy aquí!! Oh no, el Gordito va a poner el cabeludon Junior. ¡Por Dios!, soy tan malo así?? O que voy a hacer en el mondo? Yo quiero morrir, yo no puedo ser reserva de Renato, Marceliño, Junior y Rafael... no hay amor para Conquito...

[pois é... fim da pausa]

Para fechar o caixão, o ataque era formado por Martin García e André Dias. Caso você tenha assistido a partida, não preciso dizer mais nada. Caso não tenha, deixe-me só relatar 2 lances:

1- André Dias, na entrada da grande área, dá um corte desajeitado no zagueiro e chuta em direção ao gol. A bola vai parar na lateral esquerda. Sim, você leu certo: a bola foi parar na lateral.
2- Martin Colômbia recebe a bola próximo da linha de fundo do São Paulo. Um único marcador caminhando em sua direção e mais ninguém na área. O que ele faz? Dribla e chuta? Espera um companheiro? Rola para trás? Não, não Martin García: ele prefere cruzar por baixo nas mãos do Rogério Ceni.

O resto dos lances vai daí para baixo. Depois ainda entraram Rafael (não jogava há mais de 1 ano e poderia continuar parado) e Leandro Amaral, os dois visivelmente sem ritmo. Nada acrescentaram. Foram mais duas substituições com a marca registrada pela ferradura de Celso Roth.

E vida que segue.

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Esse campeonato brasileiro é um dos piores que eu já tive a oportunidade de assistir. De bom, só o Botafogo. Aliás, se acabasse hoje...

TOP 5 Piores Brasileiros de Todos os Tempos:

1) 2007 - Muitos times ruins e um Vasco medonho. Nenhum craque.
2) 2003 - Os times nem eram tão fracos, mas o Cruzeiro era bom demais. Parei de assistir ainda no primeiro turno.
3) 2001 - Começou com o Goiás destruindo todo mundo. Já era um mau sinal. Depois eles acabaram nem se classificando, mas esse campeonato proporcionou bizarrices como São Caetano e Atlético-PR na final, além de Fluminense e Atlético-MG chegando próximos do título após décadas.
4) 2005 - Campeonato cheio de roubalheiras. Salvaram o Flamengo no apito e presentearam o Corinthians com o título.
5) 1996 - Um dos primeiros que eu acompanhei. Comprei guia da placar, álbum de figurinhas e tudo mais. Só pela nostalgia e pela Portuguesa na final eu deixo ele aqui em quinto, porque o campeonato foi uma merda, parecido com o desse ano.

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Real Madrid campeão espanhol. Fábio Capello é incrível, ele é o Celso Roth que dá certo. Não gosta de futebol bonito, admira o Émerson, fica feliz com 1x0 no sufoco e mesmo assim é sempre campeão de alguma coisa. O cara entende.

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Querem adiar Vasco x Flamengo. Por mim, ótimo. Com os times jogando isso daí, seria deprimente mesmo.

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Meus prêmios:

Prêmio Dodô da Rodada: Amaral. No primeiro gol do São Paulo, deixou Borges livre para marcar. No segundo, deu um belo passe. Anulou todas as saídas de bola do Vasco e ainda deixou o time com 10 em campo. Atuação impecável. Pena que tenha sido para o time adversário.

Prêmio Fernando Henrique da Rodada: Para Júlio César, é claro. Mostrou desenvoltura no ballet, dando uma palhinha de "Lago dos Cisnes" em pleno Maracanã.

Prêmio Renato Abreu da Rodada: "Tem dias que são noites". Acho que essa vai ser unânime aqui no blog. André Dias escreve poesia com as canelas.

Prêmio Claiton da Rodada: Richarlyson. Muricy disse: "Desce e arrasa!". O volante do São Paulo colocou então seu brinco fashion, suas munhequeiras e foi desfilar contra o Vasco. A câmera da televisão só focava nele, o que foi ruim para o simpático rapaz, que não joga nada. Suas lamentações a cada lance perdido me lembraram os passos de YMCA. Ainda foi flagrado entrando por trás nos jogadores do Vasco em diversas oportunidades <---- Leia essa última frase sem malícia.

Prêmio Souza da Rodada: Vai ter que ser rachado e dividido entre os dois atacantes do Vasco. O farelo que sobrar pode ser entregue a Paulo Sérgio e seus chutes de moça.

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E é isso.