Afonso (ou "Coisas que o Brasil precisa fazer se não pretende passar vexame na África do Sul")

Cuidado para não ficar muito cansado.

Depois de assistir a Seleção perder de 2x0 para o México, veio de forma estranhamente real à minha cabeça o futuro momento em que o Brasil é eliminado mais uma vez pela França nos campos de terra da África do Sul (porque a Copa América não importa de verdade, todos sabem). Portanto, para não precisar gritar "eu avisei!" quando chegar esse triste momento, vou desde já propondo algumas pequenas mudanças para evitar o vexame iminente que ronda a Seleção Brasileira nos últimos tempos. Vamos a elas:

1- Trocar de treinador

Ok, antes de dizer o que eu penso do Dunga, vou defendê-lo: o elenco que ele convocou não é ruim. A princípio eu achei que fosse, mas quando parei para pensar, percebi que esse time é melhor que o da Copa América passada. Vejamos:

Brasil em 2004: Júlio César, Maicon, Luisão, Juan e Gustavo Nery; Renato, Kléberson, Edu e Alex; Adriano e Luis Fabiano. Técnico: Carlos Alberto Parreira

Brasil em 2007: Doni, Maicon, Alex, Juan, Gilberto; Mineiro, Gilberto Silva, Elano, Diego; Robinho e Vagner Love. Técnico: Dunga

Teoricamente, é um time bem mais forte. Tudo bem, tem o Doni e o Mineiro, mas ainda assim é forte para uma equipe reserva (lembre-se que não conta nem com os jogadores da sub-20 e nem com os "cansadinhos" da Europa). Mas é aí que entra minha maior dúvida, bastante pertinente, eu diria. Afinal, como é que um time com Gilberto Silva, Alex e Juan, três dos melhores jogadores do mundo em suas funções, consegue não ter um sistema defensivo? Será que eles desaprendem a jogar quando colocam aquela camisa? Improvável. Ontem o time levou dois gols, mas poderia ter levado quatro, cinco. Os mexicanos entravam na área com a mesma facilidade com que eu dizia "f*!" em frente à minha TV. Culpa dele.

O ataque também merece destaque. Parecia um bando de peladeiros. Tudo bem que são peladeiros que sabem jogar bola, mas fica difícil produzir alguma coisa sem um posicionamento adequado. O México atacou poucas vezes, mas quando atacava, tinha sempre seus jogadores em uma posição na qual pudessem fazer um gol. No Brasil isso não importa, porque quando um jogador pega a bola, ele quer voltar atrás e driblar o time adversário inteiro de novo. E o Dunga incentiva isso, porque ele não faz a menor idéia do que deveria fazer ali. Ele acha que ser técnico é brincar de Elifoot, que treinamento tático é só para a Sportv encher nosso saco passando 10h diárias de Afonso-fazendo-embaixadinhas e coisas do tipo.

Mas eu não quero também que o Dunga fique desempregado. Na verdade, eu sugiro que ele seja rebaixado ao posto de olheiro. Assim ele poderá acompanhar o campeonato russo e todos os jogos da tradicional equipe holandesa Heerenveen, com a vantagem de não poder convocar os jogadores. Saem todos ganhando.

2- Acabar com o direito a férias

Se tem uma coisa que me incomoda é essa palhaçada de jogador da Seleção tirando férias em ano de Copa América. Vejam só, o camarada ganha milhões de dólares para chutar uma bola, faz mal feito e ainda quer descanso. Ronaldinho Gaúcho e Kaká, por exemplo. Os dois não jogaram nada na Copa do Mundo e ainda tiveram a cara-de-pau de pedir dispensa. "Foi mal, galera, na próxima a gente tenta não pipocar. Enquanto isso, vamos aproveitar nossas ilhas porque é verão aqui em cima". É muita ingratidão.

3- Pintar o resto do Vágner Love

Fato: Se o Vágner Love não pintasse o cabelo, ele seria invisível. Ontem o atacante conseguiu a proeza de ficar sumido durante 90 minutos (mais os acréscimos). Então eu pensei: ei, talvez a solução seja pintá-lo de azul por inteiro!

Ele continuaria uma merda, é claro, mas pelo menos teria algum diferencial para justificar sua convocação.

4- Parar de perder para o México

O México é um país superestimado. Falam muito da culinária, mas eu sinceramente acho que melhor seria se eles não jogassem pimenta em todo item comestível que vêem pela frente. Falam das novelas, mas nem mesmo nos tempos de "Maria do Bairro" eu conseguia prestar atenção, porque eu não sou o tipo de cara que agüenta assistir pessoas chorando durante uma hora e meia. Eu acabo achando tudo muito repetitivo. E, por fim, falam bastante do futebol. Elogiam a liga mexicana porque os jogadores são mantidos lá, não vão para a Europa e coisa e tal. Caso ninguém tenha percebido, existe uma razão simples para eles não saírem do país: ninguém quer. Pelo que eu pude ver ontem, todo o time do México (menos o Rafa Marquez) pode muito bem continuar comendo chili em casa, porque a Champion's League certamente não sente falta deles.

Aliás, é hora de acabar com essa palhaçada de que eles têm a receita para ganhar do Brasil. Bom, se você quer saber, essa receita até mesmo eu tenho, e vai mais ou menos assim: "jogadores sem sangue + jogadores estrelinha + técnico meia-boca + azar + pimenta = fiasco". Não é difícil.

5- Clonar o Robinho

Ele é o único que joga nesse time. O único que corre, marca, dribla, chuta e não pede dispensa. Se tivéssemos 11 Robinhos ontem, talvez a história fosse outra. Ele parecia invisível passando por toda a defesa do México. Pena que a zaga do México se multiplicasse a cada jogador que ele driblava. Merecia ter saído com pelo menos um gol.

6- Mandar a "geração pipoca" embora

Não tem jeito. Os tais "meninos da Vila" não dão certo na Seleção. Deve ser alguma coisa no Cosmos ou sei lá, mas a verdade é que eles simplesmente não funcionam juntos. Já nos tiraram de uma Olimpíada e agora estão bem encaminhados para nos tirar dessa Copa América também. Ontem o Alex errou tudo que tentou, o Elano continuou mediano como sempre e o time só melhorou quando o Anderson entrou no lugar do Diego. O Robinho é exceção, mas até ele parecia mais à vontade quando parou de tentar tabelar com os ex-companheiros de Santos. Minha opinião é de que, quando estão juntos, eles têm a sensação de que precisam passar a bola um para o outro o tempo todo.

Não precisa, galera, vocês podem jogar com os outros também.

7- Naturalizar o Dudar

Simples: ele teria impedido os dois gols. No primeiro, teria desarmado o atacante de letra (desarme esse que ligaria um contra-ataque fulminante). No segundo, teria desviado apenas com a força da mente (coisa que o Doni tentou, mas ele não é o Dudar).

8- Demitir o Galvão Bueno

Talvez o Brasil não melhore muito com isso, mas de uma coisa eu tenho certeza: nossa paciência com as derrotas vai aumentar. Porque uma coisa é você assistir o time para o qual você está torcendo perder. Outra coisa é você assistir a isso com o Galvão Bueno narrando. Se a quantidade de besteira que ele fala pudesse ser transformada em água, não haveria mais sede no mundo. Infelizmente não pode, ela só se transforma em vontade-de-socar-a-televisão.

E olha quem estava comentando do lado dele: Falcão. [pausa para risada: Hahahahah]. Que coisa, não? Como se ele tivesse qualquer moral para reclamar de um treinador da Seleção!

9- Acabar com a Seleção

Só serve de vitrine para mercenários, ninguém mais leva a sério e só atrapalha o calendário do Campeonato Brasileiro. Hoje, se você fizer uma enquete, todo mundo prefere assistir o Brasil jogar no volei. Tudo bem, eu concordo que tem muito do não-saber-perder envolvido nisso, mas as pessoas não eram tão indiferentes pela Seleção nem no início dos anos 90, quando o time era bem pior.

10- E é isso

Não tenho muitas idéias a mais. Acho que já estamos bastante enrolados.