"Ahh! É Júlio César!"

... gritava a torcida do Náutico.

Yeah, amigos! Usamos Colgate, comemos Qually de manhã e somos uma galerinha do barulho!

Como existem coisas que só acontecem com o Botafogo, eu entrei no Maracanã, com um bom público de 26 mil pessoas, sentindo que ares estranhos pairavam sobre a noite do centésimo jogo de Dodô com a camisa alvinegra. Nem o gol do Juninho, que já está virando rotina, me fez relaxar na minha cadeirinha azul, de onde conseguia ver de pertinho os 11 alvinegros correndo e tocando a bola, e os 11, depois 10, alvirubros perdidinhos, perdidinhos.

O Náutico não jogou nada. Absolutamente nada. Até que foram razoavelmente eficientes na marcação, mas de um jeito bisonho: a bola rebatia, e era chutada pra frente de qualquer jeito. Isso quando não paravam na falta, basicamente o artifício do primeiro tempo. Funcionava, pelo menos impedia as finalizações. E o Botafogo me pareceu pouco motivado a chegar no gol, durante o primeiro tempo. Mas o Náutico foi tão inferior, tão inferior, que nem chute a gol teve. Ou melhor, teve um, que o Júlio César defendeu belamente.

Em compensação, quando eles não chutaram, ele não pegou. Não satisfeito com o frango contra o Figueirense, ele resolveu que estava com vontade de se superar. "Hoje é o dia", pensou, enquanto saltitava até o gol, no início do segundo tempo. "Vou mostrar que sei frangar melhor do que o Júlio César do Flamengo!", era a sua motivação. E estava lá: dez minutos do segundo tempo, o Náutico não chutou, a bola foi recuada, e ele... Foi passear. Foi tão ridículo, mas tão ridículo, que eu, da minha cadeirinha azul, com 25 mil pessoas divididas entre o embasbacamento e a revolta, comecei a rir. Desesperadamente! Porque foi um absurdo de engraçado. Do tipo que vira vídeo no Youtube. Hoje, nem a paciente torcida botafoguense conseguiu absolvê-lo: enquanto a Fúria tentava dar apoio, o resto do Maracanã, maioria, vaiava.

O Júlio César parece andar deslumbrado com a fama e o reconhecimento aos vinte anos de idade. Não retiro o que disse quanto a ele ser um bom goleiro, carregar o Botafogo nas costas, e provavelmente se tornar um dos grandes nomes em uns dois anos. Mas definitivamente está precisando acordar pra vida. Que o Cuca dê uma bela bronca, e que ele se sinta ameaçado, pra ver se leva mais a sério os 30 mil que brotam na conta bancária todo mês. O mais engraçado foi a torcida inteira gritando em desespero em uma bola recuada quase no fim do jogo. Me deu ótimos momentos de risada.

Mas os ares de estranheza não se deveram somente a isso. Alguns minutos antes, Dodô, o astro da noite, o artilheiro dos gols bonitos, se recusou a fazer um gol de pênalti, porque é muito feio, e mancha o currículo dele.

Por sorte, parou por aí. O segundo tempo foi inteiro do Botafogo, que pressionou o Náutiquito no campo de defesa, e roubava praticamente todas as bolas antes da linha do meio de campo.

Destaques para Leandro Guerreiro, como sempre, Jorge Henrique, que parece que está suspenso pra próxima partida por ter levado o terceiro amarelo, e para André Lima, o reserva de luxo que entrou para dar vida ao time, fazer um, e dar um passe lindo para o outro gol.

Mas meu destaque supremo da partida é outro. Juninho, o zagueiro artilheiro! Bola parada é perigo constante agora. Todo jogo o infeliz faz um gol, e um daqueles! Os goleiros devem tremer de medo quando o vêem se aproximar e ajeitar a bola. Aquela bomba, aquele jeito, aquele gol, e a comemoração ao melhor estilo Lúcio Flávio-agradece-ao-hamster. Como se não bastassem os golaços, ele ainda vem destruindo na zaga. Hoje fez uma partida impecável. Contrato vitalício com ele agora!

No final das contas, só uma coisa importa: líder.

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Dois pontos a serem ressaltados:

1. "PC Gusmão! Vai se f***r! Quem tem Cuca não precisa de você!" Adoro vingança.

2. O Lúcio Flávio faz uma falta, mas uma falta...! Quando ele está em campo, parece que ele não tá jogando nada. Mas aí ele sai, e a gente percebe que na verdade ele está sempre jogando bem. O meio-campo perde horrores sem ele. As jogadas bonitas simplesmente não existem, a troca de passes fica pobre, e o Dodô rende muito menos, porque começa a precisar voltar mais pra receber a bola. Pra cada passe errado, ele acerta outros vários. Ô Lúcio Flávio, por que me abandonaste?

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. Nem o suado e sofrido empate com o Inter livrou o Flamengo da zona de rebaixamento. Eu sabia que o Santos ia ganhar do Juventude, estava na cara. E por muito pouco o estrago não foi ainda maior. Por sorte, Juan quis me dar muitos pontos no Cartola.

. Conquito, Conquito... =/ O Vasco perde por seus pecados. E vai continuar perdendo se não der um jeito de porrar o Celso Roth. Ilsinho destruindo, Borges aparecendo pra vida, Aloísio aprendendo a fazer corta-luz e o Richarlyson bambiando.

. Torci muito, mas muito, mas muuuito pelo Atlético-PR. =/ Desgraçados, deixaram o Thiago Silva empatar. Se fosse o Carlos Alberto naquela bola ela tinha ido parar em Porto Alegre.

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Vamos aos prêmios da rodada!

Prêmio Dodô da Rodada: Vai para o Juninho. Pela destruição contra o Vasco, e pela destruição contra o Náutico. Eu poderia dar também ao Leandro Guerreiro, pelo chute da sua vida. Ou ao Thiago Silva, que fez um belo gol. Mas o Juninho, além do gol, está batendo um bolão. Merece ser o Dodô da rodada.

Prêmio Claiton da Rodada: Léo Lima. Porque parece que o tal dom que ele diz ter só Deus vê. E o Ney Franco, claro.

Prêmio Fernando Henrique da Rodada: Para o Lúcio Flávio, e o seu super golpe de judô que o tirou da partida contra o Náutico. É preciso anos de treinamento e concentração para acertar uma rasteira nas canelas como a dele.

Prêmio Renato Abreu da Rodada: "Tem dias que são noites." Frase do grande poeta André Dias. Fiquei até arrepiada depois dessa. Dá pra notar que é profundo, mas se alguém se importar de me explicar o que ele quis dizer com isso, eu agradeço.

Prêmio Souza da Rodada: Juuuulio César! O 12° jogador do Náutico, literalmente, porque nem chutar pro gol os infelizes precisaram. A torcida de 50 pessoas vibrou e gritou o nome do craque, que levantou a perna estatégicamente para deixar a bola passar.