"E ninguém cala! Esse nosso amor!"

Começo por pedir para que não acreditem no que diz a imprensa. Não totalmente. Quem estava no Maracanã ontem não viu um jogo apertado, ou um Grêmio ofensivo, ou um joguinho meia-boca. Viu foi um passeio. Viu o Botafogo dominar a partida durante os 90 minutos. O Grêmio não teve chances. Aliás, teve sim. Mas essa chance morreu na espalmada do goleiro cego.

O primeiro tempo foi completamente do Botafogo. O time errou muitos passes - especialmente o Lúcio Flávio-, perdeu algumas chances muito boas de gol - especialmente o Lúcio Flávio -, e deu algumas bobeiras - especialmente o Lúcio Flávio. Mas o Grêmio foi, no primeiro tempo, de regular a pior. Todos os rebotes eram do Botafogo, e eles mal conseguiam se aproximar da grande área. O gol do Juninho - golaço, aliás - saiu de uma jogada ensaiada, uma das poucas coisas certas que o Lúcio Flávio fez no jogo. E foi mais do que merecido, para coroar a boa atuação que estavam fazendo até então. Merecia ter saído do campo no intervalo com um resultado mais folgado. Mas se tratando de Botafogo, eu diria que quanto mais apertado melhor. Caso contrário, fatalmente os jogadores teriam voltado com a sensação de dever cumprido.
A única boa chance do Grêmio no primeiro tempo parou na cavalisse do Júlio César. Não satisfeito com o pênalti sobre o Renato na final do Estadual, ele quis experimentar sua rasteira boladona mais uma vez. De qualquer forma, quem saiu no prejuízo foi ele. Com uma pancada séria na cabeça. Tonto, sem quase conseguir ficar de pé, e enxergando muito mal, ele pegou o chute do Amoroso. Pior goleiro do Brasil?

Abro um pequeno espaço para o caso Júlio César. É um jogador de vinte anos, que até fevereiro era terceiro reserva. Ou seja, sequer participava dos coletivos. A experiência em campeonatos de grande porte dele é nula, e ele esta começando a aprender a se comportar como goleiro titular agora. Ele falhou em alguns momentos decisivos? Falhou sim. Todos os goleiros falham. E é óbvio que, para um garoto que não tem experiência nenhuma, os momentos decisivos pesam muito mais. Em contrapartida, ele carregou o Botafogo nas costas em muitos outros momentos: contra o Vasco, conta o Atlético Mineiro, contra o Internacional, contra o Figueirense, em Florianópolis. Júlio César está mostrando ser um jogador com um potencial enorme. Se vai vingar ou não, só o tempo dirá. Mas o fato é que, com vinte anos de idade, ele já consegue fazer milagres. Devo lembrar aos amigos flamenguistas, que gostam de chamá-lo de "pior goleiro do Brasil", que o grande Bruno foi reserva no Atlético Mineiro, dispensado pelo Corinthians e papou frangos incríveis no Flamengo. Muitos mais do que o Júlio César, inclusive. Portanto, comparações aqui não são pertinentes. Em dois ou três anos, eu aposto no Júlio César como um dos melhores goleiros do Brasil. E espero que ele ainda esteja no Botafogo até lá.

Voltando à partida de hoje. Volta o segundo tempo. Imaginei que as coisas fossem, como sempre, se inverter: o Botafogo fosse entregar os pontos, passar sufoco, e o Grêmio, todo poderoso, fosse partir pra cima e empatar - ou virar - o jogo. Mas que surpresa não foi a minha em ver que continuaram partindo para cima, investindo no ataque, e conseguindo boas jogadas! O ritmo estava muito inferior, é claro, porque agüentar noventa minutos de corre-corre é complicado. Mas foi o suficiente para mostrar ao Grêmio que os pontos não estavam entregues. A equipe dos separatistas malucos melhorou de rendimento e passou a chegar com mais perigo. Pelo menos três ou quatro oportunidades claras de gol. Algumas jogadas para fora, outras paradas na mão do Max - uma quase, quaaaaase, por muito pouco, não deu em desastre típico de Max.

O esforço valeu a pena: saiu o segundo gol, de uma nova jogada ensaiada, dos pés de Luciano Almeida, que furioso acertou o camisa 5 do Grêmio, e enganou o goleiro Saja. Para superar a cavalada do Júlio César, Schiavi mirou o joelho do Jorge Henrique com vontade e derrubou o baixinho, o que lhe rendeu um muito bem dado cartão vermelho. Jorge Henrique este que, mancando, machucado, com metade da velocidade que tem, deu um passe açucarado para Dodô, em seu melhor estilo, fechar o jogo com um golaço. Esse sim, digno de comemoração.

O Grêmio tinha apenas cinco titulares, ou quatro, se desconsiderar o Amoroso. O Botafogo estava desfalcado de dois. Mas não foi também ao sul e derrotou o Inter sem a base ofensiva inteira? O fato dos tricolores terem vindo com a cabeça em outro campeonato não pode desmerecer a boa atuação que o Botafogo apresentou. Foi um verdadeiro passeio sobre os semifinalistas da Libertadores - passeio este que parece ter doído no orgulho sulista dos torcedores do Grêmio. Bem feito!

Destaco aqui as atuações de Jorge Henrique e Leandro Guerreiro. O primeiro jogou muito bem, e chegou mais no gol do que o próprio Dodô - que hoje estava mais altruísta e fez alguns passes perfeitos, que foram desperdiçados pelo apagado e nada inspirado Lúcio Flávio, muito para minhas decepção -, e, no final, depois da pancada amigável do Schiavi, voltou para o campo no sacrifício, para não deixar o time com um a menos. Leandro Guerreiro não precisa nem de comentários. Há vários jogos vem sendo praticamente imbatível na defesa. E hoje ainda teve uma ótima oportunidade de gol. O que me faz destacar um nome pelo Grêmio: Saja. Ótimas defesas. Pelo menos três ou quatro realmente importantes.

Boas surpresas ficaram por conta de Luciano Almeida, que fez um bom retorno depois de quase um mês parado, e Adriano Felício, que jogou muito bem, e deve ter deixado Zé Roberto mercenário realmente preocupado depois dessa partida. Renato Silva foi a surpresa ruim; depois de uma boa partida contra o Flamengo, deu muitas bobeiras, e saiu machucado. E eu pergunto: por que dispensar o Vagner? =/

E com isso, o Botafogo, merecidamente, vai dormir líder do campeonato. Quatro rodadas pode parecer pouco, mas em um campeonato de pontos corridos pode fazer toda a diferença. E recompensa o ótimo trabalho que a equipe vem realizando desde o começo do ano. Mostra que as perdas do Campeonato Carioca e da Copa do Brasil foram fatalidades e não falta de qualidade. Tem tudo para brigar pelo título, se conseguir manter o ritmo.

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E por falar em manter o ritmo, para reforçar o elenco, o Botafogo contrata Alessandro, lateral direito do São Caetano, e está de olho em Leandro Lima, também do São Caetano, e - pasmem - Athirson. O lateral esquerdo ex-Flamengo parece está descontente com a sua posição de terceiro reserva no Beyern, e quis voltar para o Brasil. Tendo o salário de 120 mil recusado pelo Flamengo, bateu à porta do Botafogo pedindo 100 mil e estão negociando.
Só eu acho que ele será um Carlos Alberto da vida?

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Não vi o jogo do Figueirinha, mas assisti aos melhores momentos dos Atléticos. O Diego é um baita de um goleiro. Mas um baita de um goleiro mesmo! O único grande problema que eu vejo é a mania de espalmar tudo. Fosse o Atlético Paranaense um time mais bem posicionado, teria tido vários rebotes. Mas o rapaz é bom. Vai longe, esse, vai muito longe.
E o Coelho jogando bola na trave. Foi vaiado e tudo. O que eu acho um absurdo, ele é um dos melhores do time.

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E quais são as apostas para a rodada de hoje? Nem lembro todos os jogos. Mas vou secar todos que têm 7 pontos, e o que tem 9. Acho que dá empate no Maracanã, e acho que dá empate na Ilha do Retiro. Só acho.