Sunday, 22 July 2007

Perdigão agora também trabalha com chocolate


Jogadores do Atlético se espantam com a cara de pau do
colombiano, que malandramente roubou o gol do Leandro.

Treze rodadas para alguns, doze para outros e dez para o Flamengo. Lá se vai um terço do campeonato e, passo a passo, quieto e desacreditado, o Vasco da Gama vai crescendo na tabela e desenhando uma campanha digna no Campeonato Brasileiro. Se será uma campanha realmente boa, difícil dizer, a tabela ainda está muito inconstante. Mas um aspecto já se pode apontar sem exageros: a equipe evoluiu muito nas mãos de Celso Roth. E ontem fez sua melhor partida no ano, demonstrando um equilíbrio que enfim permite ao torcedor vascaíno sonhar com alguma tranqüilidade.

Eu sempre fui crítico em relação aos trabalhos do treinador, em geral chamado para tapar buraco e nada mais. Já esperava que o Vasco não fosse brigar contra o rebaixamento e que conseguisse ficar entre os dez primeiros, mas nunca que mantivesse esperanças de Libertadores e, acima de tudo, não esperava que o time conseguisse jogar bem. Hoje o Vasco sabe manter a bola nos pés, erra muito menos, cria jogadas de ataque eficientes, apresenta um padrão tático definido e começa a formar um elenco consistente. O trabalho não é perfeito (a performance do Vasco fora de casa ainda é decepcionante), mas o saldo total vem sendo positivo até aqui. Neste Vasco x Atlético-MG, os frutos parecem ter começado enfim a aparecer.

[Li algumas descrições da partida e me soaram todas bastante imprecisas. A minha preferida é do FLAnce!... só faltou a matéria dizer que o Vasco venceu por macumba. Mas tudo bem, é normal esse tipo de tratamento. Lembro da edição de O Globo no dia seguinte da final da Mercosul de 2000, na histórica virada de 0x3 para 4x3 dentro do Palestra Itália. O jornal só estampou na capa "Vasco campeão". Se fosse aquele-time-vestido-de-vermelho-e-preto, a manchete seria "A virada do século", "Porco vira janta de urubu", "O manto sagrado pesa em São Paulo" ou qualquer coisa assim. Mas tanto faz.]

O primeiro tempo da partida não foi empolgante, no entanto a superioridade do Vasco era evidente. Tirando uma ou outra entregada dos zagueiros, que às vezes tentam mais do que a qualidade permite, o Gigante da Colina conduziu o jogo com certa tranqüilidade. Liderados pelo incansável volante Perdigão, os jogadores trocavam passes sem muita pressa, estudando a melhor forma de atacar. E logo ficou bastante claro que essa forma não era pelo lado esquerdo, onde os avanços de Rubens Jr. nunca davam em nada. O Vasco optou então pelo setor direito como opção ofensiva, com Wagner Diniz desorganizando a defesa adversária (e apanhando muito, diga-se de passagem), Jorge Luiz se arriscando no ataque e Conca encostando para as tabelas. As chances foram boas, mas foram poucas.

Foram poucas em parte devido à caça promovida pelo time do Atlético, que parava as jogadas com o mais vasto repertório de golpes, e em parte devido à preguiça de Conca, jogador que certamente faz a diferença quando toca na bola, mas cuuuusta a tocar nela. Quando os lances caíam em seus pés, os passes eram sempre precisos e conscientes (as melhores oportunidades da primeira etapa em algum momento passaram por ele). Mas nem sempre isso acontecia. E nem sempre vai acontecer. Portanto, torno a dizer: falta a "El Mago" assumir a responsabilidade de conduzir a parte ofensiva do time, falta voltar para buscar a bola e procurar mais jogo. O Perdigão até se saiu bem ontem na função de articular o meio, mas ainda assim continua sobrecarregado. E ainda assim é muito pouco.

O segundo tempo foi consideravelmente melhor. Leandro Amaral decidiu acabar enfim com a enrolação da primeira etapa e, logo aos cinco minutos, tirou uma bola do goleiro Diego e chutou com efeito. A bola já ia entrando quando o sacana Martin García meteu a cabeça, roubou o gol e saiu para comemorar com sua dança esquisita. Eu não o culpo, já que havia um zagueiro próximo da bola e, bom, nunca se sabe. Então, méritos para o colombiano pelo oportunismo e méritos para o craque Leandro Amaral por decidir mais uma partida a favor do Vasco. O atacante está voltando à forma do Campeonato Carioca, e esse é um excelente sinal. No lance do quarto gol, quando aos 90 minutos ele deu uma arrancada, se livrou do zagueiro e deixou Conca livre para marcar, eu me emocionei não apenas pelo gol, mas por ver o Leandro jogar de novo o que vinha jogando antes da lesão.

Quatro minutos após o gol, o zagueiro atleticano Lima, inspirado no clima panamericano, aplicou belíssimo ippon em Rubens Jr. Como já tinha cartão, acabou expulso. E o que era fácil, virou brincadeira. Tanto é que Martin García ainda se deu ao luxo de perder mais um gol feito (já havia perdido outro no primeiro tempo), até por fim aproveitar um certeiro cruzamento de Perdigão e marcar o segundo.

Os últimos 20 minutos de jogo foram de pura festa. Primeiro, Martin García deu lugar a Alan Kardec e todos os bons espíritos que o garoto traz consigo. Assim como na semifinal da Taça Rio, quando entrou e marcou o gol de empate contra o Botafogo, o jovem atacante vascaíno correspondeu mais uma vez. Marcou outro gol de cabeça e com grande senso de colocação. Na comemoração, foi ao lado de Junior festejar junto a torcida. É bom rever essa identificação das promessas do clube com os torcedores, uma identificação que vinha bastante abalada pela alta quantidade de pernas-de-pau que o Vasco revelou nos últimos anos (a geração de 84 que o diga).

[Alan Kardec me lembra bastante o Adriano quando surgiu no Flamengo, pelo porte físico, personalidade e oportunismo. Claro que isso não é garantia de nada, já que a linha que separa um Adriano de um Souza é mais tênue do que parece, mas ao menos já dá para dizer que potencial ele tem].

Depois, foi a vez de Perdigão ser substituído e aplaudido por todo o estádio. Aplausos merecidos, depois de toda a dedicação e liderança demonstrada pelo volante. O jogador acabou de chegar e já parece o mais experiente do grupo, orientando os companheiros e pedindo sempre a bola. Vai ser complicado para Celso Roth quando tiver que optar entre ele e Andrade. Talvez algum deles possa se adaptar à função de primeiro volante, onde Amaral tem jogado até razoavelmente bem ultimamente (sim sim, eu disse isso!), mas continua sendo o Amaral.

Para fechar o placar, Conca deixou seu golzinho na bela (e já citada) jogada de Leandro Amaral e comemorou muito. 4x0 e o dia terminou em euforia para a equipe e para o torcedor vascaíno. Eu tenho medo da euforia, é um sentimento enganador. Mas tanto faz.

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Não é só a volta do Andrade que será um "problema". Agora que o Morais parece próximo de se recuperar, vem a dúvida: quem sai, Conca ou Martin García? Eu acredito que acabe sobrando para o argentino. O que essa mudança vai significar, ainda é cedo para avaliar. O time com Conca parece mais tático, com um jogo mais cadenciado e objetivo. Com Morais é aquele Vasco do ano passado: mais ofensividade, muita correria, algumas jogadas geniais, muitos buracos e passes errados. O que é melhor? Sinceramente, ainda não sei dizer.

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No caminho para São Januário eu pude escutar a partida da Seleção sub-17 contra o Equador. O primeiro argumento para a derrota seria falta de maturidade. Talvez tenha faltado sim, para matar a partida no primeiro tempo. Mas para mim o fator decisivo foi mesmo falta de fôlego. O Brasil jogou contra uma equipe sub-20, é impossível acompanhar o ritmo e apresentar a mesma resistência física por 90 minutos. Os jogadores equatorianos foram espertos e souberam esperar a hora de tirar vantagem de seu condicionamento. E deu no que deu.

Aliás, puta vergonha e covardia aquelas vaias e gritos de "timinho" no final. O atacante Maicon ainda deu uma declaração, que me pareceu bastante sincera, afirmando que os torcedores tinham todo o direito de vaiar. Ótimo que ele tenha levado na esportiva, mas eu não concordo. É um absurdo esses garotos pagarem por um título que eles não tinham a menor obrigação de vencer, uma copa que nem mesmo é da categoria deles.

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Não acompanhei muito essa rodada, mas me pareceu boa para os outros times cariocas. Tirando o resultado deplorável do Flamengo, é claro. Gostaria de saber o que tanto o Irineu coloca dentro daquela cabeça. Um cérebro caberia ali, com sobras, mas ele aparentemente não se importa com isso.

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Meio cansado para escrever. Tanto faz.

1 comment:

Caruaru said...

Quem diria, hein? =D O Vasco brigando lá em cima... E isso porque, ao final do Carioca, era apontado como o pior de todos. Mas até aí, diziam que o Flamengo ia brigar por título. [?]

Como eu falei no meu post, é bom ver os times do Rio dando trabalho pra concorrência dos mâno. Mas na realidade, o único que me preocupa é o Santos. Eles vem que vem. O São Paulo... Bom, o São Paulo deve preocupar também. Jogam nada, jogam feio, e ainda roubam pra ganhar. Com essa do Cruzeiro, já foi a terceira. Ter dinheiro é muito bom.

Perdigão tem cara de gordo maconheiro. Muito estranho que ele jogue futebol, muito.


Achei igualmente absurda a reação da torcida com os moleques. =x Eles não mereciam aquelas vaias, mas brasileiro é fdp. E eles foram até bem, num geral. Espero que isso não os afete, e que eles voltem pros seus clubes pra subir pro profissional, muitos deles prometem boas carreiras.


Flamengo em último... Quem diria. =/

 
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