O sentimento não pode parar
"Não estamos alegres, é certo, mas também por que
razão haveríamos de ficar tristes?"
Há algum tempo eu poderia dizer até mesmo a marca de gelatina que o Morais consome no departamento médico. Na última quarta, fiquei surpreso quando notei o Enílton de volta. Pois é, dá para ver o quanto eu ando meio alienado. Não é para menos. São Paulo pentacampeão, um mês sem ver o Vasco vencer no Brasileiro, Fluminense melhor do Rio, Souza canetando os zagueiros e STJD ocupando mais páginas no jornal do que os jogos em si. Some a tudo isso minha crônica "melancolia de primavera" (eu já comentei como eu odeio essa estação?) e não é de se estranhar que eu já estivesse mesmo de saco cheio de futebol esse ano.
Quer dizer, até essa semana. Porque tudo isso realmente cai por terra quando você tem dois dias como foram a quarta e a quinta que se passaram. Bastaram três jogos para que eu recuperasse esse sentimento que costumava me levar a escrever aqui. Três jogos que não foram semelhantes em nenhum aspecto, exceto talvez pela surpresa que me causaram, mas que foram todos especiais de algum modo. O Vasco defendendo sua dignidade em São Januário, a Seleção feminina dando uma aula de técnica na China e o Botafogo proporcionando um dos maiores vexames da sua história na melhor partida do ano. Finalmente coisas das quais vale a pena falar!
Vasco 3x0 Lanús
Pois bem. O Vasco visitou o charco onde eles costumam mandar seus jogos na semana passada. Conquito saiu de lá com o pé aberto, Dudar ficou meio doido da cabeça, Andrade Estrelinha brigou com Celso Roth e nem mesmo Leandro Amaral escapou do feitiço, perdendo uns 500 gols contra o Cruzeiro no domingo. 2x0 para os argentinos e tudo parecia perdido.
Até chegar São Januário... Até chegar a vez de o próprio Vasco escrever sua versão para essa disputa. Foi então que entraram em cena a segurança de Sílvio Luiz, a inteligência de Perdigão, a força de Amaral, a disposição de Marcelinho e Enílton, a velocidade de Wagner Diniz e a perfeição de Leandro Amaral, ídolo como sempre. Sua participação, aliás, foi digna dos bons tempos de Edmundo, quando o Animal fazia e desfazia as partidas toda vez que tocava na bola. Quando o Leandro correu para o alambrado foi emocionante, foi como se ele nunca tivesse feito isso antes. Foi um... recomeço.
Grande jogo? Não, de forma alguma. Os argentinos passaram 90 minutos escondidos e o Vasco brigou mais contra a bola do que contra os adversários. Mas como criticar uma equipe que precisa de 3 gols, joga desfalcada e faz esses 3 gols? Foi um jogo de superação, uma partida em que aqueles 11 jogadores honraram a tradição de 109 anos do clube e que lutaram até o último minuto, com a torcida apoiando de forma irrestrita. Foi o jogo que restaurou uma confiança que vinha abalada recentemente e que trouxe de volta (e quando digo "de volta", quero dizer "com paixão") o grito de "O Vasco é o time da virada, o Vasco é o time do amor", um grito que andava sem fazer sentido por um longo tempo.
Não foi um grande jogo, é fato, mas foi um VASCO enorme. Como deveria ser sempre.
Botafogo 2x4 River Plate
Incrível. O Botafogo não é um time pipoqueiro, o Botafogo é o próprio complexo industrial do milho Yoki!
No intervalo, minha primeira reação foi desligar a TV e procurar coisa melhor para fazer. Mas como o jogo estava bom e o Max estava no gol, acabei voltando para assistir o segundo tempo. Lussenhoff foi expulso, Dodô marcou um golaço e acabou levando um pontapé de Ahumada, que foi se juntar ao companheiro no vestiário. Perceba que só nessa última frase o jogo estava liqüidado. A torcida se despedia e, quem continuava, cantava contra o treinador. Era engraçado ver os argentinos correndo feito loucos, então acabei ficando para os 25 minutos finais. E foi aí que começou o verdadeiro espetáculo.
Bom, o Botafogo simplesmente apagou. Jorge Henrique perdeu três gols absurdos. Dodô se preocupou em fazer gol bonito. Max, que vinha bem, levou mais um frango constrangedor. Renato Silva e Alex estavam com preguiça demais para correr, Juninho com preguiça demais para pular. Joílson acreditou no que os jornais argentinos falaram dele e se perdeu no mundo da fantasia onde ele é o Ronaldinho Gaúcho.
Eu me senti assistindo a um daqueles vídeos antigos com partidas dos anos 60, quando todos os grandes jogaram. O espaço para a criatividade que falta ao futebol masculino moderno (talvez irreversivelmente) sobra ao futebol feminino. Estes dois minutos dizem mais do que eu jamais poderia:
1 comment:
Vou deixar meus comentários sobre esse jogos.
Vasco x Lanús:
Esse time do Lanús é ruim, mas assim, MUITO ruim!
E o Vasco mostrou raça dentro de casa e conseguiu se classificar. Eu sabia que ia acabar se classificando.
Já falei que acho o Leandro Amaral um puta jogador. Mas concordar com a inteligência de Perdigão, não dá!
Aquela cabeleira e aquela barriguinha não me deixam acreditar que esse cara joga futebol profissionalemente. E nessa partida ele errou aquilo que sabia fazer razoavelmente bem: dar passes na medida.
Botafogo x River:
Cara, juro que fiquei com muita pena dos botafoguenses. Garrincha deve tá se revirando no túmulo.
2007, que era pra ser O ano do Botafogo, deve ser esquecido mais do que quando caíram pra Segundona.
Brasil x EUA:
Quero a Martha no Flamengo.
Só isso.
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